quinta-feira, 10 de junho de 2010

Fecho os olhos e apenas sinto...

Só agora eu sinto que as minhas asas eram maiores que as dele, e que ele se contentava com o ares baixos: eu queria grandes espaços, amplitudes azuis onde meus olhos pudessem se perder e meu corpo pudesse se espojar sem medo nenhum. Queria e quero — ainda. Voar junto com alguém, não sozinho. Mas todos me parecem tão fracos, tão assustados e incapazes de ir muito longe. Talvez eu me engane, e minhas asas sejam bem mais frágeis que meu ímpeto. Mas se forem como imagino, talvez esteja fadado à solidão."

(Caio Fernando Abreu )

2 comentários:

Sara disse...

Um trecho de "Para uma Avenca Partindo" de Caio F. que gosto muito:
'... você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente...'

Beijos, Loira!

Sidnei disse...

Parabéns pelo blog, com belas mensagens, quero dividir esse poema de Carlos Drummont de Andrade:

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Tenha uma ótima sexta, e um excelente final de Semana, fica na paz.

@aconteceu